Dizem que as pessoas se dividem entre os que gostam e os que não gostam de carnaval. Mas acho que no Brasil tudo se divide entre 'os que gostam' e 'os que não gostam', aliás, acho que o mundo é assim, dividido. Isso deve ser alguma coisa de nossa natureza, quando um pedaço do espermatozóide e o óvulo, separados em essência, se juntam por obrigação para criar uma pessoa muito pequenininha. Independente de tudo, de Carnaval, eu gosto.
Não sei de onde saiu isso, mas minha mãe costumava me chamar de Lupinho, tamanha minha paixão pelos bares, música e mulheres. Acho que ser filho de Ogum ajuda, não posso com uma batucada que fico animado. Para ter uma idéia, trabalhei nas escolas de samba de Porto Alegre por três anos como carnavalesco. Dois anos atrás saimos na Unidos do Tuiuti, no Rio de Janeiro, uma escola do grupo dois-sei-lá-o-que, mas nos divertimos muito com o terceiro lugar. Nos outros anos corremos para a Arquibancada das Comunidades na Marquês do Sapucaí, bem em frente à dispersão, para ver as alas se misturando, onde as escolas se desmontam. Este ano vai ser diferente. Vou sair na Estação Primeira de Mangueira.
A Mangueira é mais do que uma escola de samba. Quando ela entra na Sapucaí a arquibancada se veste de verde e rosa. Um mar de bandeiras aparece do nada, é como um gol. Quem não sabe o samba, aprende; quem não aprende, samba. Quem não samba e não aprende, bom sujeito não é. E na batida da bateria, com o surdo inconfundível, vão revivendo Carlos Cachaça e Cartola, levando pela mão milhares de sorrisos arrebatados pelo ritmo alucinante inventado nos morros do Brasil. O Carnaval é aqui!