segunda-feira, 11 de maio de 2009

Os pijamas de Juscelino

Minha amiga Lu, uma gauchinha morena muito gente boa (acalmem-se, ela é casada com meu amigão Rafael) nos lembrou outro dia de um detalhe importante. Para perceber o detalhe entenda que quem mora em Brasília costuma receber muitas visitas de parentes e amigos que vêm de outros lugares para conhecer a Capital Federal. O menu básico de passeios inclui uma entradinha na Catedral e, dependendo da idade, uma olhadinha nas flores artificiais que um camelô vende ali ao lado. Na sequência, uma caminhada na Esplandada dos Ministérios, arrematada pela famosa consideração (depois de caminhar dois quilômetros no sol da seca e torrar as orelhas), "nossa, pensei que era mais perto". A Praça dos Três Poderes, ainda acompanhada pela "mas como é grande! Na TV parece tão pequenininho". Uma esticada até o Palácio da Alvorada, uma foto clássica com o Dragão da Independência cuja paciência deve fazer parte do DNA, algumas piadinhas, uma moeda para as Carpas da República e...voilá! O Memorial JK lá do outro lado do eixo (esqueci dos comentários desabonadores sobre o Museu da República na passagem pelo Eixo, afinal, ir em Brasília sem entender de arquitetura e não criticar o Niemeyer é como não ter ido...).
No Memorial JK está sepultado o corpo do Presidente Juscelino. Ali estão também muitas peças de sua vida: livros, mobília, documentos, fotos, roupas de festa...e o pijama. O pijama de Juscelino era super alinhado, casaco com botões, a parte de cima e de baixo combinando, sem furos ou bolinhas, de seda e bem passado.
É agora que a Lu volta para esta história. Imagine você, que - de repente - você fique famoso. E pior, alguém resolva fazer um memorial em sua homenagem, esse alguém vai querer expor seu pijama. Essa é a atual preocupação dela, a situação dos pijamas. Pense! O meu ia ser uma tragédia. Uma calça de abrigo cinza e velha e com um furo (na verdade é um descosturado, o que soma pontos na escala de relaxamento com suas roupas). No verão ainda estou bem, uma calça leve e xadrex com elástico, mas tenho um listrado de verde escuro e claro que ia ser lamentável para minha imagem pessoal, estreito nos tornozelos, deve ser dos anos 80. Acho que vou doar ele amanhã. Tem gente que dorme só de cuecas, o que poderia ser pior, um furo na calça de abrigo pode ser melhor do que uma cueca "freada" exposta e iluminada com 500 watts de potência ao lado de sua Cruz de Malta ou seu diploma de benemérito da Cruz Vermelha. Resta ainda aquelas camisetas de brinde de final de ano de empresa, com desenhos estúpidos e desbotados, o tipo de camiseta que você tem que chavear no armário durante o dia, senão ela se arrasta sozinha para a cama e que praticamente faz parte de você, com aquela roda amarela perpétua embaixo do braço como uma alga fosforescente no escuro do quarto. Para as mulheres não deve ser melhor. Camisolas com renda soltando, alcinhas amarradas com nó cego, pijaminha cheio de bolinhas, sem falar naqueles conjuntinhos obscenos do tipo "quero neto" que as sogras dão de presente e que iam fazer o seu memorial ser proibido para menores de 18 anos. Hoje quando você for dormir, pense nisso, e amanhã corra até a Renner e compre um pijama decente. Nunca se sabe quem vai visitar seu memorial amanhã.


As informações desse post são fictícias, mas qualquer semelhança com a realidade é mera realidade. Libere seus traumas e conte nos comentários sobre seu pijama preferido.

6 comentários:

gabriel gallina disse...

meudeusdocéu. esse é teu post que mais me fez pensar. sério. uma mirada simples naquilo de mais íntimo que deixamos para a posteridade... que coisa. vou na renner hoje.

abraçón : )

Calegaro disse...

Tu andas muito ocupado em BH, já pensou em terapia de buteco, sempre funcionou comigo hehehehehehe

PS.: quando voltar pra BSB me liga.

Camila Vidal disse...

Apesar de ser de BH, eu conheço o memorial JK e todos os seus itens expondo a intimidade do ex-presidente.
Mas, amanhã eu vou passar em uma loja e comprar pijamas novos. Porque imagina se eu merecer um memorial quando morrer, que vergonha! hehehehe
Abraço.

Marcelo Pontes disse...

Gabriel, vc acertou..."o que de mais íntimo deixamos para a posteridade". E o blog? cadê, cadê?

Marcelo Pontes disse...

Valeu Camila. MAnde seu email para arqmarcelo@hotmail.com prá eu incluir vc no meu spam que avsa quando tem postagem nova.

SuzeteBomfim disse...

Sábado, 11h da manhã, lendo seu blog ainda de pijama com uma xícara de café ao lado. morrendo de rir, olhando para a calça azul do meu pijama cheio de bolinhas e ele me dizendo:"não aguento mais você, me joga!!!". A blusa, pasme! Tem o desenho de dois sapinhos verdes abraçados e embaixo a frase diz: "felizes para sempre". nunca prestei atenção no desenho do pijama. Me sinto RIDÍCULA. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Vou almoçar no shopping e passar na Renner...hahahahahahahahahaha