quinta-feira, 21 de maio de 2009

Rir é o melhor remédio

Depois de rir sem querer do Caetano Veloso caindo do palco, fiquei pensativo sobre os motivos pelos quais eu ri. No livro "A maravilhosa obra do acaso" - uma coletânea de cientistas geniais falando sobre coisa alguma - organizado por Win Kayser (ou será no "Auto-engano" do Eduardo Gianetti?) descobri que rir é uma espécie de erro evolutivo, uma coisa que fazemos sem uma explicação lógica, mas com muitos reflexos eletroquímicos no cérebro. Quando uma pessoa cai, por exemplo, existe o que os psico-bio-socio-sei-lá-o-que chamam de incongruência. O cérebro acha engraçado que a pessoa esteja saindo da posição normal e se estatelando no chão. Não entende o motivo e como não consegue processar entra em crise e ri...meio estúpido, não parece? Isto tudo tem que se encaixar em um contexto, ou seja, se você vê uma pessoa perder o equilíbrio e cair do décimo andar, não vai achar graça porque seu cérebro imediatamente vai entender que a pessoa vai morrer. Isso os psiquiatras chamam de jogo da situação o que explica em parte porque rimos de umas coisas e de outras não.
Tirando o cachorro do Roberto Carlos (que lhe sorriu latindo no portão quando ele voltou...), nenhum outro animal ri. Os macacos bem que tentam, mas não passa de macaquice mesmo. São movimentos voluntários e sons, nada de riso induzido pelo cérebrinho de macaco. Não é considerado riso pelos gelontologistas (especialista em riso). Foram estes caras que prepararam a definição dos movimentos do riso na Enciclopédia Britânica, acredite:

Quinze músculos faciais se contraem e o estímulo do músculo zigomático maior (principal mecanismo que levanta o lábio superior) acontece. Enquanto isso, o sistema respiratório é interrompido pela epiglote que semi-fecha a laringe, de modo que a entrada de ar ocorre de forma irregular, fazendo você ofegar. Em circunstâncias extremas, os dutos lacrimais são ativados, então, enquanto a boca está abrindo e fechando e a luta pela entrada do oxigênio continua, o rosto fica úmido e geralmente vermelho (ou roxo).

Depois que li, tive a sensação que podia morrer de rir, literalmente, a qualquer instante numa das muitas rodadas de chope dos finais de semana em Brasília, e finalmente entendi porque a gente faz *ai, ai* depois que ri: é uma espécie de "graças a Deus, dessa risada eu escapei". Mas se você pensa que acabou...tsc tsc, ainda tem mais. Estudos indicam que todo o cérebro se envolve nas risadas, eletroencefalogramas mostram que a corrente elétrica passa por praticamente todo o cérebro para rir de uma piada, o que me leva a concluir que pessoas com cérebro pequeno devem rir mais rápido. Certo e aceito por todos é que esse defeito cerebral foi responsável por conseguimos estabelecer conexões com outros seres humanos sociais por natureza, manifestando nossa alegria de estar com eles. Isto pode ter sido decisivo na evolução da espécie, quando estávamos construindo nossas alianças e tentando pegar as fêmeas dos outros, rindo peludos (e pelados) por trás de uma moita pré-histórica. Foi assim que nos tornamos grupos e escolhemos líderes, e até hoje quando o chefe ri, todo mundo ri junto, uma espécie de convulsão coletiva, herança de nossos tempos de "quem não rir toma paulada na cabeça", quando ainda andávamos meio encurvados. Para terminar, já está comprovado que rir traz equilíbrio aos componentes do sistema imunológico, em teoria, quanto mais você ri, menos doente você fica, daí eu não entender porque eu estou sempre resfriado se eu dou tanta risada.
Em resumo, depois de muito procurar, consegui entender porque ri sem querer do Caetano, e me perdoei, afinal, basicamente foi um problema de evolução.

PS. A foto é de uma propaganda de seguro

5 comentários:

Camila Vidal disse...

Marcelo,
adorei a explicação sobre o riso e coisa e tal!
Acho que agora eu também não vou mais me sentir tão culpada de rir dos outros.
ehehehehhe

Gabriel Pontes disse...

daí eu não entender porque eu estou sempre resfriado se eu dou tanta risada
sahhashashashsahsahsahsahhshashsa
bom agora se eu começar a rir de algo que não pode já tenho um argumento

Anonymous disse...

Marcelo, sou estabanada, daquela que vivem batendo a cara na parede ou algo assim. Resultado: as pessoas estão sempre rindo dos meus pequenos contratempos (risos) e ficava furiosa. Agora vou relaxar...
Beijim

Breno disse...

Fala Marcelo...Seu blog eh muito doido!!

Você posta muitas coisas interessantes e engraçadas...

E ai, num vai dar mais aulas pra gente aki na Unip naum??hehehe

Grande abraço...

Marcelo Pontes disse...

Camila, ainda não tenho seu email. Não se sinta culpada, a culpa é da evolução!