terça-feira, 5 de maio de 2009

Six degrees ou seis graus de separação

Quando eu e meu irmão abrimos uma locadora, mais ele do que eu, em pouco tempo tínhamos mais de 2000 clientes. A locadora se chamava Yellow Video e pegou o final do boom de videolocadoras dos anos 80. No final, chegou a ter mais de 5000 clientes, mas eu já morava em Manaus nessa época e não tive participação ativa. O que mais nos chamou atenção nesse período foram duas coisas: primeiro, as pessoas costumam mudar de endereço. Segundo, as pessoas morrem. Se você parar para pensar - e tomar umas cervejas - vai entender melhor o que eu digo. Morrer é uma coisa que teoricamente é natural, mas considerando que a psicologia afirma que levamos cerca de 30 anos para ter consciência disso, é um grande assunto. Se você considerar quantas pessoas conhece em toda sua vida, provavelmente não vai passar de 400, experimente. Coloque na sua lista todas aquelas das quais você se lembra do nome, pelo menos, porque se você nem do nome lembrar, vamos combinar que essa pessoa foi um rio que passou na sua vida. Agora, continuando nesse exercício, imagine que de uma hora para outra você passou a conhecer mais de duas mil pessoas. A probabilidade de que aconteça alguma coisa com elas quintuplicou, daí, aumentando nossa amostra, percebemos que as pessoas morrem ou se mudam (ou se mudam e morrem). Para tudo isso existe uma teoria.

Ela se chama Teoria dos Seis graus de Separação, ou six-degrees, se você for uma pessoa moderna e usar a língua dos outros mais do que a sua. Muito popular nos anos sessenta, declara que duas pessoas estão separadas uma da outra somente por outras cinco pessoas. Em termos práticos isso significa que se você quer jantar com Michelle Obama, basta encontrar as cinco pessoas que a separam dela. Nos anos sessenta, muito LSD e outras coisinhas mais, a teoria era uma verdadeira febre, que deve ter embalado os sonhos lisérgicos de uma geração de hippies. Os habitantes dos sixtees não sabiam, mas estavam descobrindo as Redes Sociais.

Redes Sociais são mecanismos aleatórios que funcionam por similaridade. Hein? Simples, pessoas com interesses similares se juntam em espaços virtuais ou reais para compartilhar ou somente sentirem-se pertencentes a alguma coisa. Com base nisto, por exemplo, o turco Orkut Buyukkokten criou o site de relacionamentos Orkut (adivinhou, ?). Foram também as Redes Sociais que alteraram em 24 horas o resultado da eleição para presidente na Espanha, fenômeno que também está relacionado com a teoria dos sistemas não-lineares onde um sistema está em paz até que um evento qualquer, em qualquer parte, altere uma de suas características gerando uma nova ordem. Depois disso temos uma enchurrada de exemplos, o Twitter (onde você diz o que está fazendo agora para o mundo saber) o Facebook, Windows Live e tantas outras. Uma verdade absoluta que aprendi na escola (além de que o plural de lápis é lápis) é que os seres humanos são criaturas sociais. Uau!

O fato é que é um exercício divertido. Experimente encontrar as cinco pessoas que fizeram você chegar onde está em seu emprego, ou as cinco que a ajudaram a encontrar o amor da sua vida, ou as cinco que fizeram você me conhecer. E na próxima vez que você desejar conhecer alguém que acha que jamais conhecerá, pense que talvez você não tenha passado pelos cinco graus necessários. Redes Sociais, socialize-se, essa é a nova onda.Quem sabe você não é um grau importante para mim?

5 comentários:

gabriel gallina disse...

belo texto, como sempre... só acredito que a teoria das 6 pessoas já tenha sido reformulada justamente depois da existência das redes sociais. vai dizer, tu encontra quem tu quiser graças a internet, fato impossível nos anos 60. o gap entre quem quer que seja diminuiu para bem menos graus.

só pra constar: pra nos conhecermos houve apenas 1 grau. só não lembro se foi via luciano ou via lili.

abração : )

Marcelo Pontes disse...

Gabriel. Eu entrei no doutorado, meu orientador (1) sugeriu que a turma toda saísse para jantar. No jantar conhecoi o LAy (2), que me apresentou a Rosa (3), que me apresentou o Bregatto (4), que me apresentou o LU (5), que me apresentou para ti (6). Six degrees.

gabriel gallina disse...

bah. forçou a barra né?

ó, já que tu nunca fala comigo via msn ou email, a dica vai por aqui mesmo. já te disse pra ler 'deus não é grande' do hitchens. agora te recomendo ler 'freakonomics' do steven levitt. se tu curte essa teoria dos 6 degrees, vai curtir esse livro.

abrazzo

Déborah Ramos disse...

Muito interessante esse texto! Na verdade, eu trabalhei com o conceito dos six-degrees of separation com a minha turma. Eu sou professora de inglês e tal. O seu texto é bem agradável de ler e não tão longos como os meus.(rsrsrsrs...) Gosto de temas relacionados à psicologia, antropologia, artes, etc... Vou seguir seu blog, ok?

Clarisse disse...

Essa Teoria dos Seis Degraus não aconteceu com a gente, pois caístes de paraquedas em uma noite de inverno, não lembro de que ano (87? 88?) no Madame Satã ou foi no Taj? Também não lembro, só sei que não foi necessário ninguém para intermediar esse encontro, eu, tu, a Karina e o Lucky! Good times, um beijo Marcelo!