sábado, 3 de outubro de 2009

Vou bem, obrigado.

Quando eu era criança lá em Porto Alegre, a gente chamava bergamota de vergamota. Quem falava bergamota era gente metida. Também chamava Fusca de Fuca, e depois de um certo tempo, falar Fuca virou coisa de mendigo e favelado. Não podia comer melancia com uva, melancia com coca-cola e nem pêssego com leite. Considerando que melancia e uva tinham a colheita na mesma época, a gente tinha que escolher. Cada vez que meu pai chegava na casa de praia com uma bacia de uvas colhidas na parreira do meu avô era um Deus nos acuda...aquele cuidado extra para não morrer, com o perigo de misturar uma fatia de melancia gelada (colocada para boiar no tanque desde de manhã ) e um cacho de uva. Sem falar em manga, que na época só quem tinha experimentado era quem ia para o nordeste, de avião. Avião, aliás, era uma barbaridade. Uma passagem custava muito caro, e eu mesmo só fui andar de avião com 24 anos. No avião serviam uma refeição de verdade, e tinha gente que adorava voar a trabalho para comer no avião. Hoje eles atiram na gente quatro biscoitos recheados, um copo de guaraná e duas balas Sete Belo. Quando a gente tinha que fazer um trabalho escolar (que se chamava de "fazer o tema") precisava de uma enciclopédia. Barsa, Mirador, Conhecer ou Delta-Larrousse custavam carísssimo e eram sonho de consumo. Quem não tinha enciclopédia em casa precisava ir na biblioteca do colégio (que hoje chamam de "escola") e consultar lá. Copiava os textos em folhas de papel almaço pautadas...pense bem. Se a criatura errava uma palavra tinha que riscar por cima e escrever de novo (o que era abominado pelos professores), ou tentar apagar com uma borracha Mercur metade vermelha e metade azul, depois de cuidadosamente molhar com a língua um pedaço da parte azul (para apagar caneta). Quando o papel não furava por conta do atrito, tudo certo. Depois ainda tinha que tirar xerox (que hoje chamam "fotocópia") de uma foto da enciclopédia, recortar, colorir (que hoje chamam "pintar")com lápis de cor ou hidrocor (que hoje chamam "canetinha") e colar com cola Tenaz, nem tinha cola em bastão ainda. Aprendíamos que o Brasil era um país do Terceiro Mundo, "deitado eternamente em berço esplêndido". Hoje o Brasil é a maior economia da América Latina, uma das 10 maiores do mundo, suas dívidas com o FMI podem ser pagas pelas suas reservas, tem uma das mais respeitadas forças de paz do mundo, é sustentável em termos de petróleo e tem as maiores reservas naturais de floresta e água do planeta. Nos últimos 8 anos resgatou mais de 30 milhões de pessoas que viviam abaixo da linha da pobreza e alavancou 21 milhões de pessoas pobres para ingressar na classe média, intermediou conflitous na América do Sul, Central e no Oriente Médio. Além de tudo, os jogos olímpicos de 2016, uma espécie de pacto social para a reconstrução do futuro do Rio de Janeiro. Meu Presidente vai bem, obrigado. O Brasil é aqui!

Foto: esportes.terra.com.br/galerias/0,,OI109157-EI1137-FI1332988,00.html

2 comentários:

O Amado disse...

Los Juegos Olímpicos tenían que celebrarse en la ciudad más bella del mundo, en el país más optimista y con más energía. Era lo justo y hay que reconocerlo. Nosotros queríamos que fuese Madrid evidentemente, pero no siendo así, torceremos con Río y con Brasil como siempre. Esa es la opinión generalizada en España.
Quizás teníamos un proyecto más desarrollado por la experiencia de la candidatura a 2012 y los Juegos de Barcelona 1992, pero se olvidó el "factor humano", y ese lo puso Lula maravillosamente. Emocionante. Lo más importante serán las mejoras en infraestructuras que van a quedar después de los Juegos y la pasión colectiva de 200 millones de personas.
Marcelo: no érais el Tercer Mundo ni nosotros el Primero o el Segundo. Además, si hubiese Divisiones como en el fútbol para las personas, tú jugarías siempre en Primera y eso es lo que vale.
Un abrazo y enhorabuena a todos los brasileiros.

Marcelo Pontes disse...

Antonio. Gracias por sus belíssimas palabras. Es un honor los sentimientos que tienes por nuestro país e por las personas que conociestes por aquí. Espero que todos nos veamos pronto, sin esperar por los Juegos. Saludos a ti e los amigos de la UDC.