sábado, 4 de abril de 2009

NADA VAI NOS SEPARAR


A primeira vez que vi uma TV a cores foi o desenho Alice no País das Maravilhas na casa do meu tio Walter. Em 1975, no fim do ano, compramos uma TV colorida pra assistir a final histórica do campeonato brasileiro entre Internacional e Cruzeiro. Vi Figueroa subir num rasgo de luz filtrada pelo túnel da arquibancada superior e cabeçear para o gol tornando o Inter no primeiro clube gaúcho campeão brasileiro. Depois vi ao vivo muitas outras coisas. Sentado no concreto da Geral e depois da Social, vi Falcão e Escurinho tabelando do grande círculo até a pequena área do Atlético MG para nos tornamos bi-campeões na semana seguinte com um gol de falta de Valdomiro contra o Coríntians. Em 1979 não vi nenhuma derrota e fomos campeões invictos do campeonato brasileiro. Falcão, Dunga, Lúcio, Carpeggiani, Dario Maravilha, U-Fabiano, Sóbis, Claudiomiro, Clemer, que fez uma defesa impossível na final do mundial num chute de Déco, tantos outros. E por aí vai. Quando eu era criança chegava em casa depois dos jogos e tinha que tomar banho, na hora do gol, eu, mirrado e pequeno, era abraçado por todo mundo, e lá ia dez ou quinze metros para longe do meu pai e meu irmão na comemoração, sendo jogado de braço em braço. Não mudou muito depois que cresci, ainda chego em casa com um cheiro de suor e gente, porque comemoro o gol com qualquer um que esteja ao meu lado. Futebol tem dessas coisas, e quando é o Inter então...Na hora do gol são 7, 15, 30 ou 40 mil vozes gritando juntas. Quando o Inter foi campeão da Libertadores, fui uma única voz no quarto de 3 x 3 em Brasília. Depois na varanda. E no campeonato mundial, contra o invencível Barcelona (ou devo dizer vencível?) minha mulher saiu de casa para não ter culpa se a gente perdesse, e gritei sozinho outra vez. Narrei com o Galvão Bueno: Vai Gabiru, vai Gabiru! E ele foi. Chorei muito. Eu tinha uma passagem para Curitiba na segunda-feira, ainda em êxtase corri ao aeroporto para trocar o trecho para Porto Alegre e participar da comemoração, mas estava tão emocionado que errei de companhia aérea. A paixão cega. Não há paixão maior do que a paixão do futebol, um amor estúpido mas orgulhoso, um amor sem distância, um amor para a vida toda. Hoje o Inter faz 100 anos, e não há como dizer como gosto de ser colorado. Como diz o refrão entoado da arquibancada, ecoando pelo caldeirão do Beira-rio, fervendo em vermelho e branco em nossos corações alvirubros, "vamô, vamô colorado, nada vai nos separar!". O Beira-rio é aqui!
Este post é dedicado ao Careca, Rogerio meu mano e Gabriel (três gerações coloradas), ao Schumi e sua família vermelha e branca, Gabriel Gallina, Bregatto (e espero que o Pedro), Luciano (colorado e não sabe), Luke e Pato (colorados da antiga), Vini, Déa e Luiz Antonio (Colorados no Rio), Geral e Gadea (Colorados no comando), e a quem quiser que leia que tenha um coração vermelho e branco. Digam o que quiserem, ser colorado é que é bom.

4 comentários:

Anonymous disse...

valeu seven! colorado rules!

abração,

g

p.s.: não acredito que tu leu um livro do sarney.

Marcelo Pontes disse...

GG, li um não, li dois. Eu também li O Dono do MAr, muito bons os dois. Políticas à parte, os livros são excelentes, especialmente O Dono do Mar, um ralismo fantástico abrasileirado.

Gabriel Pontes disse...

O Dindo Saudades de ti, eu cheguei em ipanema com certeza absoluta que tu tinha escrito algo sobre o inter no teu blog. Não foi aí o único momento que lembrei de ti, ao acordar as 7 horas da manha, num sabádo e encontrar meus amigos na grande marcha colorada pensei : MEU DINDO ESTARIA AQUI !!!
E festejei muito, cantei muito, ccarreguei o bandeirão, ou melhor, os cordões vermelho e branco, vi o careca chegar cedo no restaurante com a camiseta do colorado, vi a banda Ataque Colorado, revi o gol do GAbiru, comprei uma revista e aprendi um pouco mais sobre os ídolos do passado, foi enfim um dia cheio de surpresas e não poderia ter sido melhor, afinal não é sempre que nosso time do Coração faz 100 anos !!!

Marcelo Pontes disse...

Ô Gabriel...muito obrigado pela lembrança. Vc sabe que eu ia estar lá mesmo, mas saber que vc estava já me deixa cheio de alegria. Gostei do teu texto, parece que fui eu que escrevi...espero que vc entra na lista de "seguir este blog" e volte mais prá comentar . Dá-lhe, dá-lhe colorado! Esse ano é nosso!