quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O comprimido na minha quadra

Eu conheço uma pessoa que adora pessoas fantasiadas.
Não uma fantasia comum, mas dessas fantasias em que a pessoa fica enorme e tenta simular uma criatura de desenho animado, um bicho ou um cachorro quente, uma garrafa ou uma televisão. Toda vez que estou com ela e ela vê alguém fantasiado ela tem que ir até a pessoa para dar a mão, ou tenho que dar a volta para ela voltar e ver de novo. E lá vamos nós, tudo para uma abanadinha para o fantasiado.

Outro dia saí de casa e caminhando na quadra dei de cara com um comprimido. Não um comprimido no chão, mas um cara vestido de comprimido. E lá vou eu, buscar pão as nove da manhã de sábado, e lá vem ele, o comprimido. Foi uma situação constrangedora. Primeiro porque não existe um motivo lógico para alguém se fantasiar de comprimido; segundo, porque estávamos só nós dois, em direções opostas, na mesma calçada de três metros de largura.Se caminhar em direção a outra pessoa em uma rua onde você não tem para onde olhar, as vezes é constrangedor, imagine caminhar em direção ao comprimido.

Andar fantasiado pressupõe algumas qualidades, você deve estar disposto a ouvir piadinhas, a ser simpático com todos, então, o mínimo que eu poderia esperar do comprimido era um pouco de profissionalismo, que fosse simpático e me cumprimentasse. Ele era vermelho, da cintura para cima, com calça leg azul e pés enormes almofadados. E eu. Se você não sabe, sou um cara muito envergonhado. No começo fingi que não estava vendo, mas não tem como não ver uma almofada redonda em forma de comprimido com um metro e meio de diâmetro a vinte metros de você. Depois, assumi um ar cool, de cara descolado que já viu tudo na vida, e comecei a ignorar a fantasia. Também não deu certo, porque me senti um lunático que não diferencia o que é real do que é uma alucinação. E então tive um breve surto que durou alguns segundos, diante da possibilidade de estar realmente ficando maluco ou mesmo de ainda estar dormindo e tudo ser um sonho estúpido. Quando cruzei pelo comprimido já estava disposto a acenar um sorrisinho básico do tipo "ok, você está ridículo, mas afinal, isto é somente um trabalho", quando o comprimido abaixou a cabeça e começou a ler um panfleto. Não era possível. O comprimido estava me ignorando!

Continuei caminhando, nos cruzamos, e dei uma olhada para trás. Ele não lia mais. Parei na calçada, nada. Eu não existi para ele. Talvez no universo dos comprimidos eu fosse uma coisa estranha fantasiada de pessoa, andando de manhã cedo pelo meio da rua.

Voltei para casa peguei o carro para ir a algum lugar. Claro, acabei dirigindo ao redor da quadra porque queria ver o comprimido de novo, mas nada. Do jeito que o mundo é estranho, ele deve ter sido engolido por alguém fantasiado de ogro.

4 comentários:

SuzeteBomfim disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Pede pra Marcos lhe contar a época de Pobreza dele, onde ele foi "Todinho de Supermercado" pra ganhar uns trocados na adolescência...Aliás, isso viraria outro Post seu...Beijos, Su.

Marcelo Pontes disse...

Eu só podia esperar uma dessas do Marcos. Bjos.

Clarisse disse...

Adorei, adorei muito mesmo. Fiquei só imaginando a cena, deve ter sido muito engraçado!

Anonymous disse...

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