Eu nunca tomei resoluções de Ano Novo. Sempre me senti meio mal com isso, porque tinha a sensação que deveria mudar alguma coisa, afinal, o mundo estava mudando também. Será? Você já parou para se perguntar por que setembro (sete...) é o mês nove? Foram os romanos que alteraram o nosso calendário original, baseado em ciclos lunares. Um cara chamado Imperador Pompílio resolveu dividir o ano em 12, mesmo com o ano de 365 dias! O ano começava em março (deus Marte), abril (aprilis, de abrir as colheitas), maio (da deusa Maia, mãe de Hermes, o cara que corria para caramba), junho (da deusa Juno, com um temperamento terrível, casada com Júpiter, ciumenta como uma deusa deve ser). Depois começava a simplificação, quintillis, sextillis, setembro, outubro, novembro e dezembro. No final vinham janeiro e fevereiro. Como Pompílio errou nos cálculos, a cada dois anos precisavam colocar um mês extra de 22 ou 23 dias. Vamos combinar! Que negócio mais complicado! Imagine o cálculo de férias e décimo terceiro, recolhimento de impostos e ano escolar?
- Pai, esse ano tem quantos meses?
- Não sei filho, me perdi faz uns quatro.
Julio César resolveu a parada e no ano 46 a.C. criou o novo calendário. Esse ano ficou conhecido como "o ano da confusão" porque tinha um erro de 432 dias. Como o erro acumulado era enorme, os meses se sobrepuseram e o Ano Novo passou para Janeiro. Daí que setembro em diante saíram do lugar. Ei! Ninguém pensou em mudar os nomes? Passar setembro para novembro? Pensou. O Senado alterou o nome do mês quintillis (que agora não era o quinto, mas o sétimo) para Julius, em homenagem a Julio César, 31 dias. Quando Augusto César teve que fazer nova reforma no calendário em 8 a.C. aproveitou para colocar seu nome no mês sextillis e o chamou de Augustus (Agosto). Mas como tinha 30 dias, puxou um diazinho de fevereiro para ficar igual ao de Júlio César, fevereiro ficou com 28. E você meu amigo, que achava que empregar parente era uma sacanagem...o cara roubou um dia do calendário. Esse era profissional.
No Renascimento o Papa Gregório alterou tudo outra vez. Reduziu o ano para 365 dias e criou o ano bissexto, pois a cada quatro anos perdemos um dia (o ano tem 365 dias, 5 h 49 minutos e 12 segundos). Esse é o calendário que usamos hoje. Mesmo que 4 vezes o tempo perdido seja menos do que 24 horas...vai entender.
Agora, pense comigo. Einstein disse que o tempo não existe, é somente a maneira que tentamos explicar a vida (ou coisa parecida). A cada quatro anos recuperamos um pedaço do tempo, mas não comemoramos o Ano Novo 5 horas mais cedo no primeiro ano seguinte ao bissexto! Como disse Veríssimo (ou foi o Quintana?) contamos em anos porque é menos chato do que contar em dias. Além disso ainda teve um Calendário Positivista, do Auguste Comte (os meses tinham nomes de grandes homens da história, e cada dia tinha um homenageado. Ainda bem que não pegou: Eu nasci em Sócrates, no dia de Plutarco...), e ainda temos o Ano Judeu, o Ano Chinês, os Anos Muçulmanos. Daí que concluí que não preciso mesmo ter resoluções de Ano Novo. Vou ter resoluções pela minha própria lei, nos dias que quiser, se quiser, e contar os dias do jeito que eu achar divertido. Essa semana comecei a fazer academia. Meu Ano Novo já começou. E o seu?
3 comentários:
descobri que tem calendário da fecundação, calendário da ovulação, calendário do parto e calendário da gravidez e cada um conta de um jeito diferente...acho que meu ano novo também já começou ;)!!
nos últimos tempos o meu ano novo tem começado na segunda semana de janeiro, depois do vestibular hehe
então ainda tenho muito tempo pra fazer um planejamento...
beijos dindo!!
Juno, rainha do céu e esposa de Júpiter era ciumenta? Então se ela era ciumenta é compreensível que todas sejam um pouquinho.
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