segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Os lençóis do Nobel

Alfred Nobel
http://mrullom.pbworks.com/Archives

"No dia em que exércitos inimigos possam aniquilar-se em um segundo, todas as nações civilizadas evitarão a guerra e desmobilizarão seus soldados. Por isso, minhas fábricas podem pôr termo à guerra mais rapidamente que seus congressos pela paz."

Alfred Nobel em carta para uma condessa pacifista de nome Bertha

Alfred Nobel nasceu em 1833 e não teve uma educação formal. Foi educado por professores em casa, mas mesmo assim se revelou um homem de grande visão. Sua família fabricava minas de guerra para abastecer o crescente mercado da Rússia. Quando as guerras escassearam e a família abriu falência, Alfred nasceu. Exímio em química, aos 30 anos conseguiu sua primeira patente para um detonador, aos 31 seu irmão morreu numa explosão quando fabricavam nitroglicerina, e aos 33 anos inventou a Dinamite. Ficou multimilionário fabricando canhões, granadas, minas terrestres e fuzis para o exército russo - mais de 500 mil! Não bastasse, encontrou óleo à flor da terra no Mar Cáspio e tornou-se um dos maiores magnatas de petróleo do mundo. Apaixonado por uma condessa pacifista de nome Bertha, com quem jamais se casaria, incluiu em seu testamento um prêmio dedicado aqueles que promovem a paz mundial.

Colocando o lençol na minha cama, aquele que tem elásticos, cheguei a conclusão de que Alfred Nobel deveria ter instituído também um prêmio Nobel para as Utilidades Domésticas. Quando eu era criança não existia Cama Box, ou se existia estava fora dos planos da minha família. Enfiar o lençol entre a armação da cama e o colchão era uma tarefa árdua, ainda mais para quem sempre roeu as unhas. Com os lençóis de elástico, o mundo doméstico foi domesticado. A gente pode se virar à vontade que ele nunca sai do lugar, basta uma esticadinha, e pronto!

Mas não é só isso. Pense em uma panela em que as coisas que a gente cozinha não grudam. Resolvi comprar umas panelas de Inox para mim, para me sentir mais chef e menos cozinheiro de passagem, mas não deu certo. Cozinhar até que vai bem, mas lavar...não tem cabimento, tudo grudado, crostas, queima no fundo. As panelas de T-fal, ou com revestimento em Teflon, são outra utilidade doméstica que merece um Nobel. Já que estamos falando de inventores, quem inventou a panela T-fal foi a empresa Tefal, norteamericana. Já o Teflon (inventado pela DuPont), é um polímero cujo nome verdadeiro é Politetrafluoretileno, considerado o material com menor atrito do mundo. Não se preocupe, mesmo com esse nome feio dizem que não faz mal à saúde.

Depois vem o papel higiênico. Nem preciso comentar...com pouco esforço (intelectual) já dá para imaginar sua vida sem ele. Basta um dia em que o papel acabou e não tem nenhum à mão para você ir direto do vaso sanitário (aliás, outra ótima idéia) para o chuveiro. Dizem que no oriente os caras usavam folhas de alface para essa mesma função. Eu, que já não gosto de salada, ia ter maior dificuldade em enfrentar uma folha no meu prato. A invenção do papel higiênico é atribuída a Joseph Gayetty nos Estados Unidos, mas quem realmente popularizou o papel higiênico transformando-o em rolos foram os irmãos Edward e Clarence Scott, o nome Scott lhe parece familiar?

Seguindo, pensei no controle remoto. Olha que maravilha! pouco necessário, mas muito prático, exceto quando desaparece. Dependendo da sua idade você vai lembrar que a gente tinha que levantar da cadeira para abaixar o som, trocar de canal e regular "a vertical", quando a imagem da televisão começava a correr verticalmente em listras horizontais pretas. Até o meio dos anos 70 as crianças eram o controle remoto. Lembrou? Na minha casa tinha uma TV com controle remoto, uma modernidade sem precedentes, devia ser nos anos 60 porque eu era muito pequeno. O controle parecia uma caixa do tamanho de uma barra de sabão grande, e certa vez o filho de um amigo do meu pai esculhambou com o controle de tanto trocar de canal. O mais legal é que nossa TV trocava de canal se alguém sacudisse um molho de chaves perto dela. Agora fico sentado na cama, três controles na mão, só zapeando e tirando o som nos comerciais. Nobel ia gostar de ver isso.

Eu podia ficar dias aqui falando sobre essas coisas fantásticas que entram na nossa vida sem pedir licença, que se popularizam de uma hora para outra e inovam em todos os sentidos, nos dando uma vida mais tranquila e um cotidiano mais domesticado, mas como estamos falando em coisas criativas, vou deixar sua imaginação voar solta e eleger seus próprios preferidos. Gaste alguns minutos com suas utilidades domésticas e dedique um Prêmio Nobel para os inventores anônimos que simplificam nosso dia a dia.

Imaginar é o negócio!

Um comentário:

Unknown disse...

Grande Marcelo!!! Faz muito tempo que a gente não se fala e não se vê... mas pra mim tu ainda é um grande amigo e mora no meu coração. Ler o teu blog me lembra muito as nossas saidas nos bares de Brasília... saudades dos nossos papos e das boas risadas no Azeite de Oliva!! Grande abraço meu irmão!!!! A gente se vê!!!