quarta-feira, 30 de abril de 2008

WII

Sábado acordei sem pressa. Queria me recuperar bem das gripes para não ter recaída e complicar minha situação. Deixei o tempo esquentar um pouco e resolvi sair para comprar um Wii. Quando deixei Brasília, vendi meu Playstation 2 para uma menina, o valor da venda daria para comprar o Wii aqui em New York. Quando saí na porta do edifício, minha rua estava fechada, movimentada e cheia de novidades. Era NFL Draft Day.

O esquema é o seguinte: existe a liga profissional do Football (National Football League) e a liga universitária. A Universitária tem um time por universidade e centenas de jogadores. Todo ano, em maio, eles fazem o Draft. O clube da liga profissional que se saiu pior no ano anterior (último colocado) tem o direito de escolher um atleta universitário que esteja se formando e saindo da universidade, para ingressar em sua equipe. Assim sucessivamente, até o time campeão escolher. Depois começa a segunda rodada e assim por diante até todos os times terem escolhido entre os atletas universitários que estão se formando 10 jogadores por clube. Todo mundo acompanha. Os bares e as ruas se enchem de fãs, e o Radio City Music Hall é o local onde as convocações acontecem ao vivo, com todos os novos atletas esperando ansiosos nos corredores seu futuro ser decidido em meio aos gritos de torcedores uniformizados fazendo torcida na platéia. Em frente ao meu prédio, em toda a rua, estava montado o Fan Center, com muitas atividades para fãs, fotos, brincadeiras, souvenires, jogadores dando autógrafos e até Cheer-leaders...suspiro...





Na hora do almoço acompanhei a fila gigante para entrar no Music Hall, torcedores com camisas de todos os times se misturavam numa única fila, sem briga, sem empurra e sem rancor. Apenas piadas de uns para os outros e um clima cordial de adversários, mas não de inimigos. Também não tinha ninguém bebendo álcool...é proibido beber álcool na rua em New York. Fiquei imaginando se seria possível juntar torcedores do São Paulo, Palmeiras e Coríntians em um mesmo evento no Brasil, sentados misturados e entrando na mesma fila pela mesma porta.

A idéia do sábado foi basicamente esta. Fiquei curtindo ao redor da minha casa os eventos do Draft Day, sem entender muita coisa e pegando aos poucos a idéia geral, para somente na segunda-feira entender exatamente o que tinha acontecido no sábado. A estrutura que montaram na rua era descomunal, com um telão gigante que foi transportado por uma grua num caminhão de comprimento aumentado. Quando o evento acabou no início da noite, não levou uma hora para desarmarem o circo e desimpedirem a rua, eles são especialistas nisso, em fechar e abrir ruas em instantes.
Durante a tarde fui na Nintendo Word para comprar um Wii. Havia o lançamento oficial do Super Mario Kart com um campeonato aberto, barracas, telões, música e muita confusão. Mas depois de escolher todas as peças do meu Wii, o cara me informou que só podia vender em cartão de crédito. Que frustração, eu só tinha cash. Enquanto tomava um café, lembrei que a Toy'r'us (leia Toy Are Us), uma loja gigante de brinquedos na Times Square também vendia. Antes de ir para lá, já no caída da tarde, acompanhei a final do campeonato de Super Mario Kart, com o ator de Barrados no Baile sendo o convidado especial para dar mais glamour para a disputa.
Desci até a Toy are Us e comprei o Wii. Era pesado. Fui direto para casa e nocauteei um pobre coitado no jogo logo no primeiro round. Tive que tomar outro banho depois de tanto que suei jogando.





Chinatown

Domingo foi dia de Chinatown. Saí de metrô e desci no coração do bairro étnico oriental mais famoso do mundo. Letreiros em chinês me receberam, e a confusão, barulho e mistura de cheiros que havíamos sentido semanas atrás quando desembarcamos ali perto por engano era a mesma. A idéia era visistar alguns pontos mais clássicos e dar uma volta pelas redondezas para sentir o clima das diferenças. A primeira parada deveria ser o templo budista Mahayana Buddihist Temple, mas o mapa que levamos estava um pouco confuso e acabamos perdendo a noção do lugar. Depois de muitas voltas acabamos descobrindo que o templo era exatamente onde nós desembarcamos...amadorismo.



Apesar do vermelho e dourado predominantes e da pouca luz, internamente um ambiente muito descontraído que contrastava com a austeridade dos leões dourados contra o fundo vermelho da fachada. Um Buda gigantesco tomava o centro das atenções, rodeado por flores e oferendas de frutas, o que nos fez pensar que no final das contas todas as religiões são a mesma. Vimos orientais chegando e fazendo reverências ao Buda, três flexões com a cabeça, três bastões de incenso acesos. Pessoas ajoelhadas dando graças ou pedindo, e quando pedi para tirar fotos o encarregado respondeu sorridente com um No problem com sotaque oriental.

Antes de chegarmos de volta ao templo, nos perdemos pelas ruelas intricandas de Chinatown. Lojas com produtos na rua e muitas, muitas pessoas se acotovelando na manhã gelada de New York. Toda a sinalização é escrita em chinês, mas em muitos locais é acompanhada em inglês. Os cheiros de incenso, azeite, fritura e perfume se misturam porque uma loja pode vender roupas, peixe cru, peixe vivo e remédios. Patos assados ou um bicho que não sabemos o que é ficam dependurados nas vitrines, aparentemente uma especiaria, mas longe da idéia de algo saboroso para um pobre ocidental criado em Porto Alegre. A gordura escorre pelo vidro.




Descemos até um templo cristão, a Church of the Transfiguration com seu teto de cobre esverdeado, incrustrada em pleno bairro budista. Entramos cuidadosamente, desconfiados. Lá dentro, em meio a um cheiro ardente de incenso oriental um padre pregava em chinês para uma dúzia de chineses cristãos. Uma música oriental em instrumentos de corda dava o clima de filme trash, e fotografias de um monge enchiam as paredes ao redor de sua própria imagem em tamanho natural. Muito estranho. Saímos dali em silêncio para entrar numa loja de especiarias em comida. Estômago de peixe seco inflado como um balão era a coisa mais conhecida que encontramos. No mais havia barbatanas, rabos e gosmas, bolas, caroços, geléias pretas e roxas em vidros repletos de líquidos, que mais pareciam um museu de ciências de colégio do que uma loja de gourmet. Diferanças totalmente culturais.


Depois entramos em algumas lojas de presentes, compramos umas coisinhas para lembrar de tudo isso e na saideira demos de cara com uma peixaria que vendia peixe morto e peixe vivo, assim como lagosta, camarão, ostras e outras conchinhas andando em aquários azulados com um calendário da miss universo como decoração de fundo. Mas o mais impressionante foi uma coisa meio bege, cor de gordura e forma de feijão, do tamanho de um mamão papaya, enrrolada em um saco plástico ao lado dos peixes mortos, com linhas vermelhas e pretas, que chamou nossa atenção. Ficamos os dois em silêncio por uns instantes olhando aquilo enquanto parecia que Chinatown havia parado. Não dava para saber o que era de tão estranho. Passados alguns segundos nos viramos e voltamos a caminhar, ainda num silêncio contemplativo, que só foi quebrado quando eu consegui discursar filosoficamente propondo que mantivéssemos o silêncio por mais alguns minutos em respeito àquela coisa estranha que podia ser qualquer coisa.
De volta para casa comecei a sentir uma coceirinha na gaganta, e a gripe que se seguiu segunda-feira para mim só pode ter sido resultado daquela loucura urbana que é Chinatown, superpopulosa e frenética mistura de todas as coisas num espaço disputado, caótico que sobrecarrega os sentidos, mas que vale a pena ser visitado pelo menos uma vez na vida.




sexta-feira, 25 de abril de 2008

Central Park

Sábado! Acordamos animados. Pegamos a linha 01 do Subway na 42nd street e descemos na Penn Station. Era o dia do One Day Sale at Macy´s (Liquidação de um dia da Macy´s). Não sei se falei, mas a Macy´s é uma loja de departamentos gigantesca, ocupando oito ou nove andares de uma quadra inteira. No dia de liquidação os preços chegam a 80% de desconto. Nem todas as mercadorias entram em oferta, mas algumas araras ficam com uma placa em cima e indicam quanto estão é o desconto para aquelas roupas. Compramos umas coisinhas... na saída pegamos o metrô de volta, e na estação todo mundo tinha sacolas brancas com uma estrela vermelha, símbolo da Macy´s, lembrei do PT.


Deixamos as coisas em casa, pegamos o metrô linha 1 em direção do Bronx e descemos na 96th, mais ou menos na metade do Central Park, na altura do antigo reservatório de água da cidade, hoje um lago chamado Reservoir Jaqueline Kennedy. Saímos caminhando parque adentro, entrando pelo Gate of All Saints , o portão na rua 96th (bonito né?).


O Central Park é fantástico. eu sempre achei que ele era como uma Redenção da vida ou mesmo um Parque da Cidade, mas estava enganado. O famoso paisagismo de Olmsted de 1858, que criou o conceito de parques urbanos, é fabuloso. Mesmo passando por grande revitalização nos anos 90 promovida pelo prefeito Rudolph Giuliani (você já ouviu falar dele, é o cara do Tolerância Zero) o parque tem uma estrutura básica excepcional. Os espaços se sucedem com surpresas, abrindo e fechando visuais, bem como a boa arquitetura deve ser para os espaços fechados.
Grandes espaços vazios permitem que os usuários pratiquem esportes ou simplesmente se exibam ou compartilhem. Espaços mais silvestres ou menos abertos permitem o isolamento.
















Grandes esplanadas projetadas para apresentação de performances e pequenos nichos temáticos se intercalam. A vegetação, os desníveis, as massas de água e mesmo as rochas (existem muitos conjuntos rochosos), bem como os caminhos que se cruzam por passarelas e pontes aproveitando os desníveis para criar diferentes níveis de atividade são muito, mas muito bem pensados. Além disto, toda a mística do Park, tantas vezes salientada no cinema vem à tona quando a gente está dentro dele. O skyline (desenho do perfil dos prédios contra o céu) marcante de New York é filtrado pelas árvores de folhas caducas, criando aquele famoso ar novaiorquino. O mais importante do Central Park, no final das contas, mesmo lotado como estava, seguindo o exemplo de Manhattan que está sempre lotada em qualquer lugar que você vá, ainda assim é um parque que pode ser de todos, mas é também um parque que pode ser de cada um.



quarta-feira, 23 de abril de 2008

Comer, comer

Estou uma semana atrasado! Segunda passada foi dia de supermercado. Ao contrário do que dizem, não existem só supersizes por aqui. As embalagens gigantes praticamente se resumem a sucos, salgadinhos e cereais, mas mesmo assim sempre tem os tamanhos menores. No supermercado tem de tudo que se pode imaginar de qualquer lugar do mundo, inclusive feijão preto. Aliás, mais barato ou o mesmo preço de Brasília, US$ 1,29 a libra (R$ 4,00 o quilo) com instruções para fazer na embalagem!...comprei e comi um feijãozinho muito bom depois de deixar ele de molho por um dia e meio porque não tinha panela de pressão. Então, brasileiro em New York com saudade de feijão é vagabundo mesmo.

Ainda sobre comida, alguns mitos que vão sendo derrubados. As lojas do McDonalds são poucas e estão sempre vazias, exceto nas regiões turísticas (aliás, são muito sujas e esculhambadas). Pelo menos em NY a galera come muita (mas muita mesmo) salada. As delis têm saladas prontas com seleções de folhas variadas, você compra e mistura na hora com os ingredientes que quiser, depois senta num muro qualquer no sol e...enjoy! Além disto os sanduíches do lunch são feitos sem nada de fritura, tudo grelhado ou assado.O almoço não vale nada, o que vale é o breakfeast. De fato, eles dão pouca importância para o almoço, parando para comer rapidamente, de onde (talvez) vem a expressão fast food. Mas ao contrário do que a gente pensa, fast food aqui não quer dizer Burger King, McDonalds ou Pizza Hut, quer dizer exatamente isso: comida rápida. O hábito de parar por vinte minutos, comprar algo para comer, comer sentado num banco na rua ou na sua mesa do escritório é o mais comum. As Delis não têm prato de louça, é tudo de plástico (aquelas embalagens de bolo de supermercado, com tampa). Os talheres são de plástico também e não existem copos, a gente "toma no bico" como se diz lá em Palmeira das Missões. Todo sushi tem abacate, ou avocato como eles chamam. Também se come muita sopa, um combo de sopa, pão, uma maçã, um chocolatezinho de sobremesa e meio sanduíche sai por seis dólares...uma pechinca. Se colocar um chá gelado junto fica em 8 (cerca de R$ 14). Tudo é muito apimentado, acho que é por causa do monte de mexicanos que vivem aqui e trabalham nas cozinhas, mas pode ser que eu esteja enganado.

As fotos aí em baixo são só para encher linguiça...uma pizzaria chamada John's Pizzeria na 44TH Street em frente ao Majestic Theater ( o do Fantasma...) dentro de uma igreja onde as pessoas que trabalham usam camisetas dizendo "no slices" (sem fatias) com uns garçons paranóicos (com medo de que a gente seja turista entrando só para descansar) que recebem a gente dizendo 'no slices'. A outra mostra pessoas comendo embaixo de uma escultura urbana na hora do almoço.



domingo, 20 de abril de 2008

Eu sou a lenda

Sábado fui até o Intrepid (se você não leu o post anterior, não sabe do que estou falando, volte lá e leia, seu preguiçoso). Depois para a Washington Square, na 5th Avenue, perto do West Village.Era lá que o doutor Robert Neville (Will Smith) do filme I am Legend (Eu sou a lenda) morava, em frente ao arco do triunfo feito para homenagear um presidente (acho que foi George Washington).



A praça é um centro de convivência que ganhou vida porque ao redor dela estão os prédios da New York University, espaços públicos muito acolhedores e lotados de gente curtindo o calor. Mais adiante um flea market (feira de pulgas) com comida, roupas, objetos de decoração, arte e bijuterias ocupando umas três quadras. Almocei um crepe feito por uns mexicanos com limonada espremida na hora, sentado no muro da NYU.

Nos arredores de Washington Square está o Washington Meadows, antigas cocheiras que os caras ricos compraram e transformaram em uma rua particular com casas de luxo. As fachadas são super simples, mas dá para enxergar para dentro e ver que tem uma estrutura bem legal por detrás, com pátios internos e salas amplas. Muito interessante sob o ponto de vista de arquitetura, parece que se está em alguma ruela de Paris lá pelos lados de Montmartre, ao redor da Sacre Couer.

Na sequência caminhei pela Broadway até a Prince Street na área de Nolita (North of Little Italy). Depois foi voltar para casa que era fim de dia, uma passada na Victoria Secret para comprar uns creminhos porque a pele seca um monte por causa do frio. Á noite estava muito cansado para sair e acabei cozinhando em casa e vendo filme na TV. Domingo acordei mais tarde e depois do café fui até Battery Park, que fica bem na ponta de Manhattan. De metrô, desci no Staten Ferry, a estação de onde saem os barcos para a Estátua da Liberdade. Muito frio. A temperatura caiu demais e o vento vindo da península era muito forte. Saí dali voando, ou quase, correndo e prometendo que vou voltar quando esquentar. Dali subi pela Broadway (não sei se vocês perceberam, mas tem Broadway em toda a Manhattan, ela começa no Harlem e vai até Downtown), passei outra vez pelo touro de Wall Street e resolvi descer para contornar o Ground Zero e ver se dava prá enxergar lá dentro pelo outro lado.



Tive uma surpresa pois me deparei com um memorial aos bombeiros mortos no atentado. Muitos, muitos mesmo. Da rua é possível ver a parte do WTC que foi atingida e que ainda não foi toda removida. Os destroços são desconcertantes. A sensação é muito forte, e não importa quem começou o conflito, a sensação é de que isto não poderia ocorrer em lugar algum do mundo. Na lateral do grande vazio urbano que se formou no local, um quadro exibe o nome de todas as mais de 3000 vítimas do atentado. O processo de identificação dos corpos ainda não terminou, outro dia ainda vi uma notícia sobre isso na TV, tinham identificado mais três pessoas. Vale lembrar que não foram só as duas torres de 110 andares cada uma que desabaram. Com elas caíram mais 5 prédios ao redor do complexo e uma igreja histórica ortodoxa grega (somente pelo impacto e trepidação). Os demais prédios eram 2 de nove andares, um de sete, um de 22 e um de 47, onde funcionavam escritórios da CIA, do Departamento de Defesa, da Comissão de Segurança dos EUA, do Serviço Secreto e do Serviço de Imigração. A reconstrução já começou e está prevista para terminar em 2012. Excelentes fotos do estado atual e da proposta podem ser vistas no site oficial do WTC http://www.wtc.com/media/ . Almoçei numa cantina ao lado do WTC onde foi montada uma base de apoio aos bombeiros após o atentado, as fotos da época ilustram as paredes, e a placa pintada em letras verdes com letra de pichador dizendo Medical Station é uma orgulhosa lembranca do proprietário que montou dentro do restaurante uma base para os paramédicos. Depois peguei o metrô para a Bowery para ver um museu recém inaugurado, e caí em Chinatown.
Dei de cara com uns caras jogando futebol com fardamento e tudo num gramado sintético em meio á confusão de lojas vendendo roupas e peixe…como na música do Titãs, tudo ao mesmo tempo, agora. Surreal. O cheiro das lojas é horrível, mas vou voltar a Chinatown para ver que bicho que dá.

Caminhei até a Bowery com a Prince e encontrei o New Museum of Contemporany Art. Muito bom! O Lu ia adorar, ele é todo feito de material alternativo, principalmente telas metálicas. No térreo uma exposição mostra as maquetes do escritório de arquitetura para o desenvolvimento do museu e outras obras. Voltei pela Prince em direção ao SoHo outra vez curtindo uma feirinha de rua, com roupas muito legais para homem. No endereço da etiqueta dos ternos estava escrito “Store: Prince st", o que quer dizer que a loja do cara é aquela esquina onde ele estava sentado com as roupas numa arara, escorado em um muro. Dali fui para o Amish Market, o supermercado perto da minha casa, comprei algumas coisas e fui descansar. Sábado me matou, foi muita atividade para aproveitar o calor.

sábado, 19 de abril de 2008

Novos parques

Depois de uns dias afastado, estou de volta com mais atualidades. Aí vão as novidades novaiorquinas. Depois do final de semana de museus, passei uma semana rotineira. O frio permaneceu o mesmo, mas estou mais acostumado com os 7 graus diários e isto não faz mais diferença. Durante o dia bastante trabalho, e à noite saio para dar umas voltas a pé pelas redondezas. Sempre tem alguma coisa nova para ver. Mas bom mesmo são os finais de semana. No último weekend estava muito quente. A temperatura passou dos 16 graus e senti bastante a diferença. Deu prá sair de camiseta e com um casaquinho leve do Yankees por cima. Fui direto para o Intrepid Air Space Museum. Para quem viu o filme Eu Sou a Lenda fica fácil lembrar, é aquele porta-aviões onde o doutor Robert Neville joga golfe na asa de um caça abandonado. Na verdade o Intrepid é um porta-aviões onde funciona um museu carregado de aviões, além de um submarino e um avião Concorde aposentado. Ele permanece ancorado no píer 84 no Hudson River, numa grande área portuária transformada em parque (Hudson River Park). Fui até o local, mas para meu azar o Intrepid está em reforma e foi recolhido para sabe-se lá onde e só volta em 170 dias (segundo a placa que deixaram no local).



O Hudson Park é super interessante. Um espaço público com o tradicional dog run novaiorquino, um lugarzinho cercado onde os cachorros ficam soltos brincando uns com os outros. Além disto tem excelentes vistas de New Jersey do outro lado do rio.


Dali fui caminhando até o Pier 78 - New Jersey Ferry um dos lugares de onde saem os barcos para New Jersey. Excelente arquitetura. A Canon ficou sem bateria, mas ainda consegui fazer umas fotos, um excelente conceito de espaço para terminais de transbordo, clean e aconchegante ao mesmo tempo.
















A próxima parada foi voltar até a rua 42 e pegar o metrô. Foi minha primeira situação de apreensão por segurança desde que cheguei. Perto da rua 40, próximo do parque, cruzei uma área bem degradada e uns caras estilo gangue, com direito a calça gigante, correntão dourado no pescoço e tênis de basquete. Mas tudo certo, parece ser muito mais o estereótipo que o cinema criou do que perigo real. De metrô, fui até Washington Square, mas isto é outra história.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Fim de semana que é bom!

Sábado, depois da ressaca de sexta no Village, acordei mais tarde e fiz um cafezinho em casa, com torradas e geléia de framboesa. Saí para fotografar alguns prédios que tinham ficado para atrás no SoHo, o Singer Building (que era depósito das máquinas de costura e é do final do século XIX), estrutura metálica e tijolos, um exemplar belíssimo do período da industrialização do aço. O outro, o Haughwout Building (foto) é onde Elisha Otis instalou seu primeiro elevador em 1856, permitindo a verticalização da arquitetura ao inventar o freio automático para a cabine. Procurei a galeira de arte Louis K. Meisel (onde trabalhava a personagem Charlotte do Sex & the City, mas não achei, que droga, era uma excelente futilidade…).



Almoçei num Tex-Mex contemporâneo (comida mexicana modernizada) chamado Dos Caminos, ótimo ambiente, comida boa e barata, menos de $ 30. Depois o fecho da mochila estragou e resolvi voltar para largar ela em casa, deixar algumas tralhas e sair para olhar o prédio novo do New York Times (do Renzo Piano), inaugurado em novembro de 2008, indicação do Luciano Calvin Andrades. No caminho, resolvi passar na TKTS que vende tíquetes para o teatro com desconto, uma confusão de gente ao redor dos painéis eletrônicos que informam as promoções, e lá estavam eles: tíquetes para o Fantasma da Ópera com deconto de 50%. Encarei a bagunça das filas (decididamente, americanos não são bons em organizar fila) até que cheguei em um dos oito guichês: The Phantom, please, the best quote you have…(O Fantasma, por favor, o melhor preço que você tiver). E lá vem o cara! Ingresso na Orchestra, o melhor lugar do teatro, 50% de desconto. Saí feliz da vida caminhando pela 46th , na volta tomei um Caffè Mocha no Starbucks, voltei para casa e saí para o teatro. No Majestic, na 44th, um teatro antigo e de tijolos onde o Phantom of the Opera se apresenta há 20 anos, uma fila enorme para entrar. Entrei bem rápido, uma senhora muito velha e muito simpática me recebeu sorridente e indicou o caminho. Ótimo lugar. Depois que o musical começou não tem mais o que falar, é indescritível. Se você vier a New York, não perca, peça dinheiro emprestado, mas não perca. Depois do teatro voltei a pé para casa (ao melhor estilo hollywoodiano), não sem antes passar no Cafe Metro e comprar uma salada e um sanduíche.



Domingo foi dia de arte. Acordei tarde outra vez e fui para o Metropolitam Museum dentro do Central Park, 2 milhões de ítens e uma ótima coleção de Pop Art. A área de peças para estudo entre 3600 aC e o ano 300 é muito legal, com um sistema informatizado onde se pode saber detalhes de cada peça num toque de tela. A sessão de arte da Oceania é deslumbrante. Peças que parecem pré-históricas mas foram recolhidas pelo filho do Rockfeller nos anos 60 (que morreu nesta expedição). Depois as pinturas…ah, as pinturas... Além de ficar cara a cara com o auto-retrato de Van Gogh, ainda vi sua coleção de ciprestes; Picasso, seus touros e a fase azul; Gauguim, Matisse, Klimt, Monet, Modigliani e suas figuras sem olhos, Dali, Renoir e muitos outros. Jackson Pollock ... bem, Pollock é uma história comprida e boa, mas deixe isso prá lá.

















Depois fui surpreendido pela arte desconcertante de Andy Warhol, cujas serigrafias mudaram o caminho da arte e criaram a Arte Contemporânea como a conhecemos hoje. Para quem curte história, ver a Lata de Sopa Campbells ao vivo traz à tona todo seu significado cultural. É muito impactante. Descobri Roy Lichenstein e Chuck Close, com seus painéis gigantes e excepcionais. Acreditem, o cara aí em baixo se chama Mark, o quadro tem 4x5 metros de altura e é uma pintura!















Na saideira ainda consegui um táxi numa ferrenha luta com uns velhinhos do outro lado da rua, depois de perder três outras batalhas. À noite foi um carreteiro com uma carne chamada Top Chuck Boneless que comprei no super só na base do apertão para saber se era macia, e de sobremesa tangerinas, que eles chamam Mandarim e que os gaúchos chamam de Vergamota. Comendo carreteiro e bergamota domingo à noite, graças a Deus, só faltou o Fantástico.