segunda-feira, 13 de julho de 2009

Insetos comestíveis

"De todos os insetos alados, que caminham sobre quatro pés, vocês só poderão comer aqueles que, para saltar no chão, tem as patas traseiras maiores do que as dianteiras...Os outros insetos de quatro pés serão imundos."

Levítico, 11:22



Pode parecer loucura, mas na Bíblia aparece uma referência direta sobre quais insetos podem ser comidos. Está em Levítico (o Livro das Leis do Antigo Testamento, ou um dos cinco livros conhecidos como Torá), uma lei específica que indica quais insetos podem ser comidos. Eu sei que a gente já viu chineses comendo insetos durante as Olimpíadas em 2006, e que todo mundo ouviu falar disso, mas sempre me pareceu que era uma espécie de excentricidade individual dos orientais impulsionada pelos anos de fome em um país gigantesco como a China. Descobri isso lendo The year of living biblically (de A.J.Jacobs, O ano de viver biblicamente, o relato de um editor que resolveu seguir todas as regras da Bíblia durante um ano), e fui atrás para pesquisar mais. Segundo o Livro Sagrado, não era permitido comer nada que fosse inseto e voasse, mas grilos e gafanhotos eram benvindos. Inclusive tem uma passagem em que João Batista sobrevive um período comendo somente gafanhotos e mel...inacreditável.

Avançando na minha pesquisa descobri que insetos são uma grande fonte de proteínas concentrada, praticamente um composto multivitamínico, e são conhecidos no mercado de comedores de insetos (acredite, existe um mercado internacional disso) como "microlivestock", algo em torno de "micro depósitos de vida", num trocadilho com a palavra "livestock" que é usada para os animais criados em fazendas. Insetos também são conhecidos como "o verde alternativo", para aqueles super-vegetarianos ortodoxos que não podem comer carne de jeito nenhum e precisam de proteínas, comer insetos pode ser considerado um comportamento altamente ecoresponsável. Mais impressionante ainda é que se você acredita que comer insetos é estranho, considerando a população mundial e de acordo com a National Geographic, você faz parte de uma minoria cultural. Insetos são considerados por muitos entomofagistas (especialistas em insetos comestíveis) como a comida do futuro, existem mais de 1400 espécies comestíveis e. Comparando 100 gramas de grilos com um bife, os grilos têm metade das calorias e o dobro das proteínas.

Na internet você pode encontrar cardápios completos de insetos, basta digitar "eat bugs", "edible bugs" ou "Fluker´s Farm" (preste atenção no Fluker´s porque além de vender insetos para comida humana eles vendem insetos para alimentar insetos que você pode criar em casa para comer mais tarde, vendo o futebol domingo à tarde com cerveja), sites especializados que entregam no mundo todo formigas com queijo Chedar, grilos e gafanhotos cobertos com chocolate, aranhas levemente fritas com páprica, vermes na manteiga. Não parece delicioso? Mal posso esperar para fazer meu pedido...

Mas a coisa não para por aí. O site especializado do departamento norteamericano de administração de alimentos calcula que comemos insetos cotidianamente sem saber. Numa pizza tradicional, considerando os alimentos que são utilizados, para cada 100 gramas estima-se que existam 30 ovos de insetos não eliminados na lavagem e cocção. Existem 20 larvas não detectadas em cada 100 gramas de cogumelos Shytake e para cada 10 gramas de orégano podem existir até 1250 fragmentos de insetos triturados. Isso sem contar os pepinos em conserva, em cujas embalagens está escrito "eventualmente você poderá encontrar pepinos com broca, descarte-os e consuma os demais normalmente". Broca, no caso, é um inseto nojento. Se você não acredita, verifique em qualquer rótulo de pepinos.

Para mim, que não comia estrogonofe quando era criança porque parecia vômito de cachorro, acho foie gras assustador e não como coração de galinha até hoje porque faz parte da abominável família dos miúdos, comer insetos parece mais do que uma excentricidade, parece uma aberração, mas nunca poderia imaginar que grande parte da população mundial fazia isso há 4000 anos atrás e continua fazendo. No final, fiquei me imaginando rico e poderoso dono de uma fazenda de insetos, mas deixei a idéia de lado, acho que eu não ia conseguir dormir sabendo que minha casa estava cheia desses bichos nojentos.

4 comentários:

Mick disse...

Não sei o porque, mas me deu uma fome... HEHEHEHE

Joviano disse...

Excelente artigo, Marcelo! Tuitarei e assinarei o feed do seu blog, parabéns!!!

Leonardo Sacco disse...

Ola, Marcelo.
Tudo bem?

Trabalho com o Núcleo de Relacionamento e Disseminação em Mídia Social, empresa que presta consultoria ao Governo de Minas, com o objetivo de aproximar cidadãos.

Entro em contato, pois como o blog fala sobre arquitetura, gostaria de lhe enviar algumas informações - via email - sobre projetos e iniciativas do setor no estado de Minas Gerais. Caso tenha interesse, peço que entre em contato pelo email: leonardo@webcitizen.com.br Duvidas, sugestões e críticas, fico à disposição.

Abs e obrigado.
Leonardo Sacco

Mirella disse...

viscoso, mas gostoso! hiehiehie
beijos dindo, saudades. Mi.