domingo, 18 de julho de 2010

As lágrimas de Pelé

Faz algum tempo recebi este recorte de jornal de um amigo na Espanha. Escrito por Inma López Silva (escritora espanhola), no "La voz de la Galícia".

(Pelé) É o tipo que sorriu sempre, ainda sabendo que aos 16 anos perdeu de vez a oportunidade de participar de uma Olimpíada. O mesmo capaz de ser a imagem mundial da disfunção erétil com um sorriso de propaganda de pasta de dentes. Porém, esse Pelé que passeou pelo mundo a negritude orgulhosa, esqueceu sua compostura sorridente no dia em que ouviu o nome do Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016. Nesse dia as lágrimas de Pelé obrigaram-nos a ver que é a primeira vez que não falamos do Brasil como sede de favelas, narcotráfico e golpes de Estado. Rio, como Pelé, Lula e o próprio espírito olímpico, é a imagem de que algo fascinante acontece na América Latina e que não poderá ser detido. Quem esteve no Brasil com a mínima vontade de olhar além do ar tropical, sabe bem o sentido das lágrimas de Pelé: já faz tempo que é imprescindível virar a cabeça para a esquerda dos mapas quando falamos de valores pujantes, de novas formas culturais e, sobretudo, de um verdadeiro dinamismo no pensamento crítico que ultrapassou muitas coisas desta velha, conservadora e católica Europa. Pelo menos o COI deu-nos a lição de modernidade que precisamos de vez em quando...Junto-me com as lágrimas de Pelé e o país mais jovem do mundo, porque, finalmente, demonstrarão que o progresso se escreve com L de Latinoamérica.

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