quarta-feira, 14 de julho de 2010

Quantos mundos existem?

Somos tantos e tão diferentes, que as vezes fico em dúvida como será que conseguimos viver lado a lado. A infinidade de vivências, de percepções, de existências fazem da vida uma colagem incomparável mesmo entre criaturas nascidas na mesma cultura. Enquanto muçulmanos fundamentalistas atiram pedras em mulheres infiéis, prostíbulos vivem cheios em Porto Alegre. Se os indianos não comem carne de vaca, churrasco é o prato principal de qualquer final de semana em São Paulo.

Existem mundos vistos por tantos olhos que assumem todas as cores, e como diz alguém que eu conheço, de cores que eu nem sei o nome. São mundos vistos por muitos olhares, verdes que veem mundos verdes e imaginários; grandes olhos cor de mel vendo o mundo do topo de tudo em vestidos brancos e salto alto. Transitamos nesses mundos tentando chegar num lugar que nem sabemos onde é, mas que as vezes temos certeza de que está ali, e na maior parte das vezes, realmente está.

Vivemos num mundo de livros de Kafka e de Crepúsculo, de Trance e pagode, de viagens de avião para um casamento numa fazenda e de um show cover dos Beatles. Um mundo cheio de sabores, de bacalhau grelhado, lagostas e McDonalds, um mundo repleto de funcionários públicos e vidas duplas, ao estilo de Twin Peaks, onde nada é o que aparentemente pode ser, mas tudo realmente é o que sentimos.

Nesse múltiplo que nos tornamos, ainda convivemos (graças a Deus) com as diferenças de caminho, com as experiências diferentes entre pessoas que convivem, entre faixas etárias conflitantes e eventualmente convergentes. Convivemos com o amor, com a falta, com a alegria e com a alegria. Usamos muitas roupas, nos encontramos por semelhança, nos perdemos por diferenças. Somos diferentes em tudo, mas somos juntos um só. Como disse Hemingway, cada vez que morre um da Humanidade, é um pouco de mim que morre. Cada vez que salvo um, salvo toda a Humanidade.

Pensei em escrever este post num raro delicioso momento de minha habitual insônia deitado na cama no meio da noite, naqueles dias onde o calor da madrugada nesta época de seca me permite dormir sem camisa, enrolado parcialmente no lençol, pensando em todas as coisas que passaram por mim, e todas as pessoas por quem passei. Foram tantos mundos que se encontraram, como bolhas de sabão que por um instante estão coladas e em outro são somente água e sabão outra vez. Todos somos assim. Todos escrevemos e somos escritos, acho que isso que tanto custamos a entender. O bom é saber que ainda tem muito o que vir por aí. Serão muitos outros posts, muitas outras sensações, muito bacalhau, Trance e Eclipse. E como disse o Lama, a cada ano um novo lugar.

Não sei quanto a vocês, mas viver é bom.

A vida é aqui!

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