domingo, 8 de junho de 2008

Boston

Aluguei um carro, um Chrysler 300, um GPS e pegauei a estrada em direção a Boston. Bom, na verdade não foi bem assim...o carro era automático e eu nunca tinha dirigido um desses, fazer o que? O KA é 1998, nem existia isso naquele tempo. Mas me acostumei rápido e depois que descobri que em um carro automático a perna esquerda não faz nada, foi moleza. A estrada é uma free way de velocidade moderada, 55 milhas por hora (cerca de 90 km/h) e para um carro que atinge 260, foi moleza. O GPS me salvou e concluí que é impossível viajar de carro nos Estados Unidos sem ter um.

Chrysler 300 -Praça de I.M.Pei em frente à Christian Science Church
Fui sem reserva de hotel e o GPS me salvou outra vez porque tem uma lista de hoteis por cidade, além de postos de gasolina, estacionamento, atrações turísticas, hospitais, farmácias e restaurantes.  "GPS, não saia de casa sem ele". Visitei o Fenway Park a casa do Boston Red Sox, campeão mundial de baisebol ano passado, bem no dia do jogo, mas não comprei ingresso porque não tinha tempo, uma partida tem a duração de quatro a cinco horas e durante a temporada um time joga mais de 120 partidas. Boston é também a terra do Celtics, campeões da NBA Liga Nacional de Basquete e do Patriots de Futebol Americano, vice-campeão da temporada passada. Em Boston estão a Harvard University que já formou 40 prêmios Nobel e 7 presidentes norte-americanos, e o Massachusetts Institute of Technology - MIT.


Porta de Entrada de Harvard - Fenway Park, a casa do Boston Red Sox
Cheguei por um subúrbio e me impressionei com a quantidade de casas com a bandeira norte-americana hasteada, significando que ali tem alguém servindo nas forças armadas, e pela primeira vez me dei conta de que o país em que estou vivendo estes meses está em guerra. New York nem percebe, mas os subúrbios e as cidades pequenas sabem bem.

No sábado à noite na loja do hotel (Sheraton) fiquei vadiando na internet e resolvvi pesquisar para ver que obras famosas estavam lá além de uma praça belíssima do I.M.Pei, do dormitório Baker House do Alvar Aalto além do anexo da biblioteca pública do Philip Johnson. A biblioteca pública de Boston é a segunda no mundo que abriu para o público e está na tese do meu doutorado. Surprise! Le Corbusier, Saarinen e Gropius! Marquei um super roteiro no GPS (!) e acordei bem cedo domingo depois de jantar numa taverna chamada Whiskey´s e de fazer umas fotos pela noite.

Prédio comercial e Anexo da Biblioteca Pública - Philip JohnsonOs prédios do Saarinen, uma capela e um centro de eventos no MIT são bem interessantes. O Baker House do Aalto fica prejudicado nesta época porque as árvores estão com folhas, mas fiz fotos inusitadas da parte dos fundos, da casa do gerente do dormitório e das visuais que nunca vimos em livros para mostrar para nossos alunos. O espaço de convivência é extraordinário e quase nunca explorado na literatura. Visitei o MIT Architecture, um prédio eclético, com um grande átrio, e não resisti a caminhar pelas salas de aula. Fui invadido de uma imensa melancolia das oportunidades perdidas nas más administrações das escolas por onde passei lecionando.
MIT Architecture - Baker House Aalto - Centro de Eventos Saarinen
Gropius é um barato. O Graduate Center, antigos dormitórios dos alunos graduandos, atual dormitório da mundialmente reconhecida Harvard School of Law, são singelos e elegantes. Simples, planos que se interseccionam, espaços de convivência para os alunos, passarelas com colunas muito esbeltas. Grande vãos simétricos, prédios de até 4 pavimentos. Uma aula de arquitetura elegante desperdiçada com alunos do Direito. Em alguns momentos tive a sensação de que estava em Brasília, nas quadras 400,e foi bom saber que a arquitetura se baseia e se refaz na história dela mesma, renovando-se, recriando-se, surpreendendo...como sempre disse. Não sei sobre vocês, mas eu estava certo.


Depois fui ver a obra de Le Corbusier;
E para falar a verdade, Le Corbusier é demais.

O prédio é perfeito. Está encaixado no entorno, tem escala e todos os pontos cruciais do que ele pensava...terraço jardim, pilotis, brises, e o passeio arquitetural...ah...o passeio arquitetural. desculpe se você não é arquiteto, mas temos que falar disso. O Corbu (como aquele "mala" da Ulbra chama ele...) fez um percurso perfeito. Passando de uma rua para outra pelo meio do prédio através de uma rampa é possível perceber os melhores ângulos, as decisões mais trabalhadas, as convicções mais expressas. Cada passo é uma surpresa, cada surpresa uma nova história, bem como o Bregatto costuma dizer na aula 03 de PA-1. O Carpenter Center (isso mesmo, um centro de carpintaria de Harvard feito pelo arquiteto mais famoso do mundo) é uma aula de arquitetura, um acerto concreto. Não resistimos à foto de Modulor com a câmera equilibrada em cima de um muro.



Boston foi genial, uma lição de arquitetura em diversas visões: I.M. Pei e um espaço público lúdico; Saarinen e suas coberturas curvas; Aalto e os materiais telúricos; Philip Johnson e a releitura do passado; Gropius e seus planos que criam espaços, e Le Corbusier, que me deu de presente o passeio arquitetural pelo Carpenter Center para arrematar um final de semana memorável. Boston é aqui!

Um comentário:

Anonymous disse...

a cada post eu me surpreendo mais! essa rodada arquitetônica foi show de bola! o corbú é mesmo o cara... visitei aquela casa dele em la plata, na argentina, e quase enlouqueci. escuta, vocês não acharam nenhuma casa do wright por aí não?

ah, deixa a aline escrever mais. aliás, todo post deveria ter uma dica da alemõa. ía ser massa.

ô seven, quando tu voltar me traz um boné de um desses times de baisebol?

e perfume. me traz uns perfume.

abraço,

g